A Lei e a Graça
POR PR. Eliel De Freitas Goulart
Para ajudar aos irmãos quanto a Lei a a Graça. Não é um estudo teologicamente aprofundado. São anotações e meditações pessoais. Quem quiser fazer observações, faça com liberdade. E vamos compartilhando nossa comunhão em Cristo Jesus.
A Lei e a Graça
De início, recomendo a leitura do livro de Russel Shedd, A Lei, a Graça e a Santificação - Editora Mundo Cristão.
Em síntese, o autor escreve: Deus quer que sejamos santos. Separados exclusivamente para Ele. A santificação é vista em duas perspectivas: a da Lei e a da Graça. A Lei revela os propósitos da santificação. A Graça revela seus resultados. O objetivo da Lei é nos fazer culpados diante de Deus. A Lei revela ao Deus santo - o caráter de Deus - e em contraste as nossas falhas. A Graça é a providência de Deus para nós vivermos segundo Sua vontade. ( Observação minha: não se trata de costumes, aquilo que é diferente, mas trata-se de viver segundo a natureza divina - II Pedro 1.4. Ela resulta da regeneração - I Pedro 1.3. ).
Ser cristão decorre de sermos baseados na Lei. O próprio Senhor Jesus veio ao mundo para cumprir a Lei e não para anulá-la. E a cumpriu no seu modo mais significativo: pelo amor. Como alcançar tal padrão ideal? Pela Graça.
Três tendências nessa busca da santificação: o tradicionalismo, o formalismo e o legalismo.
Deus é santo. Ele exige de Seus filhos que sejam santos. Como alcançar e viver tal exigência?
Atos 26.18 - "...a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim".
A fé é o elemento comum entre a regeneração - João 3. 7 e 15 - a justificação - Gálatas 2.16 - e a santificação.
Fé em Cristo e no que Ele realizou.
A fé se manifesta através do amor. A santificação é plenamente uma prática de amor.
No Antigo Testamento Deus usou símbolos, objetos, ritos, festas para expressarem pedagogicamente Seu caráter santo. Então aprendo que Deus deseja que a busca da santificação seja objetivo diário de Seu povo.
É para ser buscada diariamente. Por isso os sacrifícios, as cerimônias, os rituais, as ofertas. Eram contatos diários com a santidade de Deus.
O crente em Jesus nasce de novo para ser santo, vive e morre no processo da santificação - é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito - e viverá a plenitude dela na eternidade.
Por isso que somos salvos da condenação do pecado, do poder do pecado e seremos salvos do corpo do pecado.
A busca diária da santificação determina nossos relacionamentos com Deus e com o próximo.
Com o próximo: porque vivemos em sociedade. Num contexto cultural. Não vivemos isolados.
Com Deus: principalmente através da oração e da leitura devocional da Palavra de Deus.
E até conosco mesmo: pois a santificação produz frutos de mudanças de ações, atitudes e mentalidade e intenções.
Temos uma fonte inesgotável que nos provê nesta busca diária - a Palavra de Deus.
A Bíblia nos revela o caráter de Deus. Quem é Deus? Deus é igual a Jesus. Então, a Bíblia opera em nós, por ação do Espírito Santo, a santificação. E damos testemunho de vida em santidade, sabedoria e amor. Tal bênção não nos é imposta. É tão próximo de Deus que vivemos a natureza Dele!
Santidade torna-se para o crente que a busca diariamente um estilo de vida.
Atenção: santidade exige disciplina. "Bom para mim é aproximar-se de Deus" - Salmo 73.28. Não se aproxima de Deus vivendo no caminho largo. Conformando-se com o mundo. Cumprindo as concupiscências da carne.
Ora, a santidade é viver o padrão de Deus. Não conseguimos isso de nós mesmos.
Deus providenciou a Graça!
João 1.17 - "A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo".
A verdadeira Graça não permite a ninguém viver sem lei.
A verdadeira Graça não permite a ninguém viver libertinamente.
Graça é compromisso.
Santificação não é opcional ao crente. É-nos imputada na salvação.
Santificação não é escolha. É identificação com Cristo.
O homem que crê e é salvo, tem que morrer. João 12.24.
Nascemos pecadores. Com a semente do pecado em nós. Somente morrendo em Cristo, somos ressuscitados com Ele e recebemos a nova vida - a regeneração. Gerados de novo. Tiago 1.18.
Daí decorre a justificação. Justificação é uma declaração de Deus. É uma questão posicional.
Antes, na posição de pecador. Agora, em Cristo, na posição de justo, como um que nunca cometeu pecado.
Como pecador não há declaração de justiça. Morrendo em Cristo, nasce com a nova natureza divina. E ressuscitado com Cristo, é declarado justo.
Santificação é questão de natureza. É como pedir ao tatu que voe como a águia. A natureza dele é cavar buraco. É ir para baixo. A natureza da águia é voar acima até das mais altas nuvens. Então, o tatu precisa de uma nova natureza. Ele precisa da vida da águia na vida dele.
Nós nascemos pecadores. Precisamos da natureza divina operando em nós, da vida de Cristo em nossa vida. "Quem de mim se alimenta, por mim viverá". João 6.57.
Todas estas bênçãos da salvação são recebidas pela fé. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" - Efésios 2.8
E a questão da Graça em toda esta meditação?
Graça é Deus inclinando-se e estendendo a mão. É Deus deixando o esplendor de Sua glória a fim de segurar a nossa insignificância.
A Graça é o amor agindo, após cumprir todas as obrigações impostas pela lei.
É o exercício do amor a quem merece o contrário.
Graça é o amor operando em nós que não somos nada amáveis. E nos torna dignos de sermos amados.
O amor pode existir entre iguais. Ou elevar-se do inferior ao superior. Ou descer aos inferiores.
A Graça flui somente numa direção: sempre do superior para o inferior. Sempre descendo ao nível do indigno e culpado.
Copio para todos as anotações de SCOFIELD sobre a Lei e a Graça comparadas:
LEI - Deus proibindo e exigindo - Êxodo 20. 1 a 17.
GRAÇA - Deus rogando e concedendo - II Coríntios 5.18 e 21.
LEI - Ministério de condenação - Romanos 3.19
GRAÇA - Ministério de perdão - Efésios 1.7
LEI - condenação - Gálatas 3.10
GRAÇA - redime da condenação - Gálatas 3.13 - Dt 21.22 e 23.
LEI - mata. Romanos 7. 9 e 11.
GRAÇA - João 10.10
LEI - fecha todas as bocas perante Deus - Gálatas 3.19
GRAÇA - abre as bocas para louvar a Deus - Romanos 10.9 e 10 - Salmo 107.2
LEI - grande distância de culpa entre o homem e Deus - Êxodo 20.18 e 19
GRAÇA - aproxima de Deus o homem culpado - Efésios 2.13
LEI - "Olho por olho, dente por dente" - Êxodo 21.24
GRAÇA - "... a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra" - Mateus 5.39
LEI - "Faze e viverás" - Lucas 10.28
GRAÇA - "Crê e viverás" - João 5.24
LEI - condena totalmente o melhor dos homens - Filipenses 3. 4 a 9
GRAÇA - justifica gratuitamente ao pior dos homens - Lucas 23.34 - Romanos 5.6 - I Timóteo 1.15 - I Coríntios 6. 9 a 11.
LEI - É provação - Gálatas 3. 23 a 25
GRAÇA - é favor não merecido e sem compensação - Efésios 2. 4 e 5.
LEI - apedreja a adúltera - Dt 22.21
GRAÇA - "Nem eu tampouco te condeno" - Jo 8. 1, 11.
LEI - A ovelha morre pelo pastor - I Samuel 7.9 - Levítico 4.32
GRAÇA - O pastor morre pela ovelha - João 10.11
Então, posso viver em estado de pecado porque a Graça de Deus cobre tudo? Buscar a santificação pela disciplina da oração e da busca em obedecer a Palavra de Deus é contrário a Graça?
Alguém disse que o caminho para o céu não atravessa uma ponte com pedágio. E, sim, uma ponte de liberdade. Acrescento ao final desta frase o seguinte:
Liberdade para não mais pecar.
Nesta vida de peregrinação no caminho estreito, damos o primeiro passo pela graça, continuamos diariamente pela graça e completaremos a jornada pela graça.
A lei foi abolida? A lei cerimonial, sim. A lei moral, não. O padrão de santidade de Deus não mudou do Antigo para o Novo Testamento.
Em Romanos 7.22 a 25 demonstra a grande diferença entre a Lei de Deus e a lei do pecado.
A lei nos instrui a vivermos no caminho da graça.
Sem a lei, não saberíamos o que desagrada a Deus. Porém, a morte que a lei produzia, já não opera em nós que vivemos na graça.
A lei exigia obediência por imposição. Na graça, obedecemos por natureza.
A lei era questão externa. A graça é questão interna.
Então, existe lei para os que estão na Graça? Sim! A lei do Espírito , da liberdade de não mais pecar. Enquanto estamos pela fé em Cristo, a maldição da lei - a morte - não nos alcança mais!
Então estou liberado para pecar?
Não! A nova natureza não deseja isso. O pecado não tem domínio sobre nós. Ou seja, o viver em estado de pecado.
Mateus 5.17 - Jesus não aboliu a Lei moral - de conduta de vida - mas a lei cerimonial, a lei ritualística.
Jesus aboliu a lei ritualística que não aperfeiçoou a ninguém. Hebreus 7. 11 a 28.
Até ao contrário: o Senhor Jesus aprofundou a idéia de pecado. Antes, adultério era uma questão exterior. Hoje, na graça, se olhar para uma mulher com a intenção carnal, já em nosso coração adulteramos. É interior.
Na Lei, tínhamos o sábado para descansar. Exterior. Na graça, o Senhor Jesus é o nosso descanso. Interior.
Homicida era quem matava literalmente outro. É exterior. Hoje, na graça, homicida é quem odeia ao seu irmão que vê no dia a dia. É interior.
A lei cerimonial era sombra das coisas futuras. A lei moral - não matarás, não adulterarás, não furtarás e outras similares - não são sombra de nada. Elas permanecem.
Quando o Senhor Jesus disse que seu jugo é suave e seu fardo é leve, observem que há jugo e fardo ainda! Comparado com a lei, é leve e suave. Porque temos a operação do Espírito Santo sem medida neste tempo da Graça!
No mais, Deus proverá!
pastor Eliel Goulart - 08 de novembro de 2013
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