Mundo Árabe

Missionários atuam no mundo árabe

O casal de missionários Rev. Leonardo e Célia de Jesus seguiram para o Líbano no inicio de 2006, depois de trabalhar durante dez anos com comunidades árabes no Brasil. Eles desenvolvem projetos e apoiam o crescimento e desenvolvimento da Igreja Presbiteriana que já existe no eixo Síria-Líbano desde 1820,  denominada Sínodo das Igrejas Evangélicas da Síria e do Líbano.

Muitas são as razões pela qual a igreja não se fortaleceu nem se expandiu desde o inicio. De acordo com o missionário, um dos fatores principais, além da religião predominantemente muçulmana é o constante conflito geopolítico que afeta diretamente a vida eclesiástica.

Cinco meses após a chegada do casal no Líbano, tiveram de enfrentar um dos maiores desafios do seu ministério; “A guerra de 2006 entre Israel e o Resbolá”. Com a possibilidade de se retirar do pais, eles preferiram ficar e ajudar ao povo debaixo  dos constantes bombardeios e ataques de mísseis, atitude esta, que despertou e abriu muitas portas para o ministério no Líbano, pois os libaneses se sentiram amados.

A igreja possui um hospital que atualmente está desativado, porém o asilo construído no complexo hospitalar continua ativo. É nesse asilo que Rev. Leonardo desenvolve o ministério de capelania, e a miss. Célia realiza atividades de artesanato e terapia ocupacional com os idosos.  

Um dos projetos desenvolvidos pelos missionários é o “Projeto Rajá”,  que em árabe significa Esperança de Salvação. O projeto nasceu da necessidade de capacitar e instruir as pessoas menos favorecidas. Visa ajudar aos trabalhadores imigrantes, refugiados, minorias étnicas-religiosas e os marginalizados da sociedade, na sua maioria africanos e asiáticos que trabalham em regime de semi-escravidão. Leonardo, que é engenheiro em processamento de dados, ensina computação e Célia ensina artesanato, para que as pessoas possam gerar renda para suas famílias.

Ao falar das experiências marcantes do ministério, o missionário enfatiza: “Ver as pessoas terem um encontro com Cristo é sempre a melhor das experiências, sem sombra de duvidas. Acompanhar uma pessoa que entende a mensagem do evangelho e ser transformada pelo Espírito Santo é a maior de todas as nossas alegrias. Isso pudemos experimentar depois de três anos do nosso ministério no Líbano, quando a Sumita, que era budista, se rendeu a Cristo. Ela era uma das imigrantes de Srilanca. Pudemos discipula-la e batizá-la. Logo que acabou seu contrato, ela retornou ao seu pais como uma missionária para o seu povo”, contou o missionário.

Ele acredita que o preparo antes de seguir para o campo é um fator muito importante e que grande parte do sucesso do ministério e de adaptação ao campo depende disso, principalmente na construção de relacionamentos importantes. De acordo com as experiências vividas no mundo árabe, é necessário que o missionário desejoso de trabalhar em contexto transcultural tenha um bom preparo teológico, transcultural e lingüístico, além de uma faculdade. “Eu acredito que hoje é mais difícil, servir em qualquer lugar do mundo sem um oficio. O missionário tem que ter uma profissão. O missionário que tem uma faculdade, um curso superior, certamente terá muito mais oportunidades e portas abertas”, explicou Leonardo. 

Segundo os missionários o maior desafio que enfrentam atualmente é lidar com a instabilidade politica. “Com o conflito na região não se sabe o que vai acontecer amanhã, isso gera um certo desconforto planejar a longo prazo, porque não sabemos as dificuldades que surgirão. Claro que dependemos da graça e da ação de Deus. Também, precisamos cuidar de nossa saúde. O que esperamos dos nossos irmãos da IPB é que não nos deixem sós. Que se lembrem sempre que não estamos lá em nosso nome, estamos representando o Senhor, o Reino de Cristo. Queremos ter a certeza de poder contar com as intercessões e o apoio dos irmãos. Esperamos que a IPB se veja lá, no mundo árabe, sendo e fazendo a diferença através das nossas vidas, porque temos a certeza de que Deus quer continuar usando-nos nesta região, mesmo enfrentando as dificuldades próprias do contexto”.